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Está Tudo Tratado e Nada Resolvido

Tratamento de temas interessantes de uma forma desinteressante. Abordagem inconsequente acerca da consequência das coisas. Tudo será devidamente tratado, mas sem qualquer resolução. Os leigos também têm opiniao...

Está Tudo Tratado e Nada Resolvido

Tratamento de temas interessantes de uma forma desinteressante. Abordagem inconsequente acerca da consequência das coisas. Tudo será devidamente tratado, mas sem qualquer resolução. Os leigos também têm opiniao...

Malthus e o fim da humanidade


Lembrei-me deste tema depois de observar um post de Bill Gates no Facebook, em que revela a sua preocupação no combate à fome no mundo. Tem sido uma causa muito defendida pelo multimilionário, que já doou milhares de milhões de dólares para muitas causas nobres.

A Teoria demográfica de Malthus baseia-se no Principio da escassez. A população humana tende a crescer mais rapidamente que a produção de alimentos, o que torna a escassez num conceito de extrema importância para a economia. A visão pessimista de Thomas Robert Malthus acerca dos padrões de vida, ficou resumida na sua afirmação: "Estamos condenados pela tendência de a população crescer em progressão geométrica e a produção de alimentos em progressão aritmética”.

Malthus desenvolveu várias outras teorias económicas, mas vamos centrar-nos na teoria da População.

Em 1798 escreveu um ensaio sobre o crescimento da população na medida em que afeta a melhoria do futuro da sociedade. Na perspetiva de Malthus existiam dois obstáculos:

. Positivos, no sentido de aumentar a taxa de mortalidade (a fome, as epidemias, doenças ou pragas, a desnutrição e as guerras).
. Preventivos, no sentido de reduzir a taxa de natalidade (as práticas anticoncepcionais voluntárias).

Thomas Malthus afirmou: “O crescimento da população tem uma progressão geométrica (1, 2, 4, 8, 16, 32, 64...) se não for travado, a população mundial duplicará de 25 em 25 anos. Nas condições atuais da terra e nas circunstâncias mais favoráveis, a produção agrícola será aritmética no máximo (1, 2, 3, 4, 5, 6...). Nestas condições será inevitável que a pressão demográfica seja superior à capacidade do planeta fornecer meios de subsistência ao homem, assim a morte prematura visitará a raça humana.”

Com este raciocínio Malthus concluiu que no futuro a capacidade de aumento das áreas de cultivo estariam esgotadas em todo mundo porque viriam a estar ocupados por atividades agropecuárias, mas entretanto, população mundial continuaria a crescer. Os vícios humanos são os agentes da desgraça. Agem como um exército de destruição, mas se não conseguem vencer uma guerra de exterminação, surgem as epidemias, as pestes e as pragas que acabam por ceifar dezenas de milhares. Para concluir o equilíbrio esperado, vem então uma onda de fome generalizada, que nivela novamente a população com os recursos existentes. Estes ciclos repetidos conduziriam ao fim da humanidade.

A Teoria de Malthus havia surgido como contraponto ao otimismo então vigente, preconizado por William Godwin e Adam Smith.

A chave do desenvolvimento económico, para ele, residia no controlo de natalidade.

As catástrofes de Malthus acabaram por ocorrer em grande escala no sec. XIX na Irlanda, com a crise da batata (da qual falaremos outro dia) e no sec. XX com as 2 grandes guerras e com os surtos de fome na Etiópia e Somália. Estes acontecimentos reforçaram o poder de influência do seu pensamento.

Entretanto continuou a registar-se um aumento populacional devido aos progressos da medicina e melhoria generalizada das condições de vida. Mas esse crescimento foi acompanhado pelo acréscimo exponencial da produção, por via do desenvolvimento de novas técnicas e tecnologias. Hoje em dia a produção global supera as necessidades dos 7 biliões de seres humanos.

O problema actual reside na distribuição. É esse agora o principal desafio que se coloca à humanidade: fazer chegar o mínimo de subsistência a todos os seres humanos.

O mundo está muito longe do pleno bem estar, mas os ideólogos fatalistas ainda não têm razão. As premonições catastróficas de Thomas Malthus de há duzentos anos, ainda não se confirmaram.