Sinfonia Patética
Como disse o maestro Vitorino D'Almeida, "A música de Tchaikovsky é uma busca de sublimação que transforma a mesquinhez em grandeza e a cobardia em brado de emoção heroica".
A 5ª sinfonia de Piotr Tchaikovsky sempre foi a minha companhia nos dias de estudo. A sua melodia calma e triste embalava o meu mergulho nos livros. Foi o meu primeiro contacto com a sua música.
Mas hoje não é sobre a quinta que vos vou falar, mas sim sobre a sexta sinfonia de Tchaikovsky, mais conhecida por “Sinfonia Patética”.
Foi composta entre Fevereiro e Agosto de 1893. O título da obra tem origem na palavra grega “Pathos” que significa paixão, excesso, catástrofe, passividade e sofrimento. Quando a Sinfonia estava para ser editada o autor enviou uma carta para o seu editor dizendo que queria colocar também uma pequena dedicatória “Para Vladimir Davidov, composto por P.T”, o editor ignorou o pedido.
A sinfonia é sombria, a sua temática é envolta em tristeza e desilusão, acompanhada de esperança e de uma felicidade maculada, mas o desespero sobrepõe-se e parece conduzir à morte. Muitos críticos afirmam tratar-se de uma obra autobiográfica.
A estreia, que foi dirigida pelo próprio compositor, teve uma recepção muito fria tanto quer dos músicos quer da plateia. Era muito diferente das formas tradicionais da época, quebrou alguns conceitos comuns e parte do público não gostou do final da sinfonia, considerando-a “inacabada”.
A decepção da estreia ficou a dever-se também ao temperamento de Tchaikovsky, o seu humor delicado e sua dramática insegurança foram afetados pela frieza inicial dos músicos de São Petersburgo, deixando-o deprimido.
A 6 de Novembro de 1893 Piotr Tchaikovsky morre, 9 dias depois da primeira apresentação da sua “Sinfonia Patética”.
Na época em que Tchaikovsky morreu, havia um surto de cólera na cidade de S. Petersburgo, mesmo sendo avisado, fez questão de beber um copo de água que não tinha sido fervido. De início os seus amigos mais próximos e principalmente seu irmão Modest, afirmaram que foi um acidente, mas isso não evitou que surgissem rumores. “Como é que um homem tão inteligente pode fazer uma coisa destas?”, "Ele quis acabar com a vida?", "Ele estava em depressão?", "Porque recusou consultar um médico?", "Seria a sua Sinfonia n.6 seu próprio réquiem ou até mesmo uma mensagem suicida?”.
Algumas coincidências fizeram com que a teoria do suicídio ganhasse força. Além do compositor se preocupar em organizar documentos, rever partituras e destruir gravações pessoais, nos últimos dias antes de sua morte, também estava numa fase em que começava a aceitar a sua homossexualidade com seu sobrinho Vladimir Dadidov. No entanto, naquela época a homossexualidade era considerada crime, Tchaikovsky teve receio que tal relação viesse a público.
Durante alguns anos a obra não foi apresentada, porque inicialmente sempre que era tocada algum elemento da orquestra sofria um acidente, corria o boato da sua maldição.